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Mostrando postagens de 2014

About illness.

The worst part about having a sick friend is not being able to do anything. When a beloved one is in pain, you wish with all your heart that he/she can get better as soon as possible, that they can feel happy again and be the smiling, lively people you remember them as.  It has not been half a year since the last time I got really sick. It was nothing serious, just a strong viral infection, but I couldn't eat or drink for a while and spent a night in the bathroom, trying to expel from my body whatever was making me sick. These are not pleasant memories. I can recall the feeling of tiredness, the fever, then exhaustion, pain, frustration, thirsty. I don't want any of my friends to feel what I felt that night, and of course not anything worse.  The love you have for your friends is something really strong, and special. At first with Eva, then Tia, and now Carl, I have experienced the worry of not knowing exactly what is wrong, the struggle to get information, the f

Tecnologia

Ainda me surpreende o poder da tecnologia. Me surpreende como eu, sentada na minha mesa numa cidadezinha da Armênia, possa ver os meus pais numa palestra no nosso bairro, numa outra cidadezinha lá do Brasil. Me surpreende a capacidade do homem de inventar um jeito de me colocar numa caixinha que é mostrada do outro lado do mundo, e dar essa impressão de que estou quase ao alcance da mão, ali, logo ali, minha voz e riso e trejeitos chegando a eles como chegariam antes pelo telefone.  E me surpreende ainda mais que meus lindos pais me levem por onde vão, aceitem minhas chamadas onde quer que estejam, e me mostrem palestras pessoas a casa as fotos o cachorro, me mandem desenhos e fotos e me alimentem com amor em pixels que vem de casa e do coração. O poder da tecnologia me impressiona, mas o do amor me impressiona mais, muito mais.

Mar & Ana

Era uma vez uma menina que se apaixonou pelo mar. E o mar, sempre inconstante, tornou-se valente e virou homem. Quanto mais homem era, menos mar. E se apaixonou pela menina.  Viveram o amor por uma noite - noite enfeitada de vaga-lumes e conchas, ao som das ondas cada vez mais distantes. De manhã, o que era voltou a ser. Ele viu que era mar, ela viu que era só.  E mar ele foi.

About Characters

When one creates a character, even if it is inspired on this person, even if if talks as this person, it thinks as this person, it is NOT this person. It is someone else, with a different story, and don't you ever dare to say that a character is it's author. First, because it may lead to wrong interpretations about the author's life and thoughts, even to love or hate based on the characters one assumes to be the same of their creator. Kind people may write about terrible villains, rude people can create lovely pieces of text. One author is not it's work. And second, because by inferring that a character is the representation of its author, beyond committing an unforgivable mistake (except if the book is an autobiography, of course) you are also loosing a great  opportunity: the amazing, scary, deep, marvelous experience of considering a character real.  There is a world to be discovered behind each character, if you consider it as a person. Not necessarily a hum

Menininha

Imagem
Paulinha, meu bem. Você faz seis anos hoje e tem um futuro lindo pela frente. Eu me lembro do dia que em você nasceu, e de todas as vezes em que você foi lá em casa, que a gente correu pelo jardim, de você pedindo meus bichos de pelúcia, chocolate ou picolé azul.  Queria dizer que, apesar de um corpinho pequeno, você tem alma grande. E que você me inspira com os seus rompantes de independência, com seu gênio forte, com suas atitudes que são quase feministas, e eu vejo em você uma garotinha muito forte que vai crescer uma moça muito forte e não vai deixar ninguém te dominar. E eu tenho orgulho disso.  Talvez você não entenda tudo o que eu quero dizer com esse texto hoje, mas não tem problema. Porque o que eu quero mesmo dizer é: Paulinha, te amo! Eu tenho muito orgulho de ser parte da sua vida, e acho que você está no caminho certo para ser alguém incrível.  Me desculpa não estar aí pro seu aniversário hoje. Desculpa mesmo. Recebe o meu abraço e pode deixar que presente eu te

Sobre Aniversário

Um pouco atrasado, mas tá valendo. 17 anos e primeiro aniversário longe do ninho. Não que eu ligue muito pra data: todo dia de certa forma a gente é mais velho, e com sorte mais sábio.   O melhor presente que eu ganhei esse ano foi o mundo. E depois desse, não precisa mais nenhum, porque o mundo é presente bastante pra todos os anos que eu venha a viver! No meu ultimo aniversário, eu estava de bem comigo e com tudo. Eu não queria nada, estava rindo à toa, o que viesse estava bom. Meu sentimento era calmo, pacífico.   Agora, eu quero tudo. Quero viajar por todos os países que ouço dizer, quero boas notas, quero entrar pra faculdade, quero um futuro brilhante e dar orgulho pra todo mundo que foi meu caminho até aqui. E to aprendendo que mudar é necessário pra crescer. A vida tem disso, esses altos e baixos, essa paz de espírito e daí a pouco um turbilhão. Já dizia Guimarães: "O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria,   aperta e daí afrouxa, sossega e depoi

The empty chair

One of the most difficult things about being far from home is the certainty things will not be the same when you come back.  My great-grandma just passed away. I know it is the natural order in life, and she was 97, but I can't stop thinking about the empty chair I will find when I go back, because she will not be there.  I think I was perhaps the luckiest great-grandkid, because I could spend so much time with her. I'm old enough to remember the times when she was very healthy, and lucid and independent. She used to read my comic books. We would watch TV together at night. I could hear the sewing machine in the back room when she and my mom decided to repair some piece of cloth.  There are also some things I don't quite remember, but I've been told. I used to sleep laying in her belly as a baby. She was the one who gave me the beautiful metal swing for my one year old birthday, in which I played so many times.  Her house was where I spent my child

Carol

Já há um tempo que eu vinha evitando coisas. Evitando dores, evitando sonhos, até mesmo amores porque eu simplesmente não queria mais feridas. Até que veio ela. Ela não sabe quem eu sou, mas já mudou a minha vida. Pra começar ela nem minha era. Meu amor, minha amiga, ela não era "minha" nada - mas era dele. E ele era uma parte do meu dia, tinha toda uma rotina de conversas onde ela se pôs, onipresente. Ele foi falando, falando, uma foto, um desenho, eu tentei resistir mas ele transbordava admiração e essas coisas é preciso dividir; ela foi se tornando minha.  Para desencargo de consciência, abri a página. "Deve ser boa", pensei, alguém que escreve e desenha não pode ser mero amador. Não era mesmo. E sutilmente fui me vendo no que estava escrito ali, meus olhos úmidos associando rostos às palavras que eram a minha história, mas -olha!- não eram minhas. E cada dor era a minha dor, cada diálogo os meus diálogos, como podem relacionamentos serem todos tão igua

The visitor

And once again, Loss comes to greet me. "Hello", she says, when I suddenly notice her standing behind the door I carefully open. Her body is cloudy, diaphanous - she herself almost a ghost. Her eyes are the only part that can be seem, of a shiny black color, like black ink in white paper. Fascinating, they are. She comes in without asking for permission. _I've been avoiding you..._ I weakly protest. _I know. You always are. She looks around the house and touches objects, things that remind me of someone lost. Her cold breath spreads white steam. She stands in front of the mirror. _I didn't always look like this.  _How were you, before? She suddenly changes into a little girl, blond braidings and vivid expression. Than turns into a teenage boy, black messy hair covering his eyes and a cigarette. She than become an old gentleman, all wrinkles and weak hands...  _You are every single loss in this world._ I finally understand. She goes back to her old form, in sil

Tô cansada - mas e daí?

Eu estou cansada. Cansada de ter que pegar transporte público lotado todo dia às seis e meia da manhã, apertada e desconfortável, pra ir assistir aula numa escola particular paga com suor porque as públicas não conseguem me passar uma boa base educacional. Eu estou cansada de ter medo de sair na rua à noite, porque a iluminação é falha e porque eu não consigo mais confiar nas pessoas a ponto de me sentir segura.  Eu estou cansada de ler no jornal sobre assassinatos, eu estou muito, muito cansada de ver tanta opressão contra a mulher. Estou cansada de ver trotes violentos e desumanos, cansada de ver gente sendo hostilizada pelos próprios colegas de turma. Cansada de ver tantas coisas ruins acontecendo em escolas e universidades, que deveriam ser ambientes seguros e de tolerância. Eu estou cansada de ficar indignada, porque a minha indignação é tanta e tão freqüente que me esgota. Cansada também de chorar, de chorar de horror e dor pelas pessoas desse país, pela Cláudia e o Amarildo e a

Maria

Seus olhos verdes que sempre me convenciam a fazer o que você queria ainda brilham no sol. Por mais estranho que eu tenha achado antes, agora gosto do seu cabelo. Às vezes eu lembro de uns momentos avulsos, biscoitos com suco e apostilas (que não estudamos), guaraná Jesus e bolo de chocolate. Lembro também do suco Do Bem, das músicas que você punha pra eu ouvir (admito que gostei de várias) e dos pedacinhos de letras que você dizia e sempre se aplicavam tão bem à situação. Odeio perceber o quanto você influenciou meu gosto musical, eu que me orgulhava de ser tão independente. Odeio saber que eu comecei a discussão. Odeio não saber o que aconteceu com o seu ex e se você está bem. Eu normalmente gosto de usar palavras pra resolver tudo, e quase nunca acho difícil falar das coisas. Das coisas da escola, talvez, ou de história, mas de como tá tudo errado sem seu abraço de bom dia eu simplesmente não consigo. Não dá pra voltar no tempo e mudar o que já foi. O que a gente planta, colhe

Sobre acalentar sonhos

Eu sempre gostei de sonhos. Gostava de sonhar alto e nem me preocupar se era possível (até hoje acho possível um conceito muito relativo). Queria ser escritora. Enquanto crianças, ninguém  maltrata nossos sonhos. Ninguém nos diz sobre mercado de trabalho, valores, empregabilidade, "vai morrer de fome", a não ser que seja muito malvado. Sonhos infantis são inquestionáveis, e ponto. Mais tarde um pouco os outros começam a opinar. Muitas vezes sem perceber e em outras crentes de estarem contribuindo para o nosso bem estar, martelam desejos e moldam sonhos em formas pré-fabricadas, ou ao menos tentam (minha escritora interior persiste). Até que, em algum momento, sua mente absorve todas as ideias já semeadas e começa a se questionar. E então (oh, dor!) nós jogamos fora alguns dos nossos sonhos. Ou os encaixamos dentro de novos planos, melhor recebidos pelos outros e mais condizentes com o futuro que queremos. Mas o sonho é combustível humano, e costuma voltar com força total.

Redes Sociais

"É qualquer nota Qualquer notícia Páginas em branco Fotos coloridas Qualquer nova Qualquer notícia" -Engenheiros do Hawaii Quem somos nós, bichos noturnos? Morcegos que se alimentam da vitalidade da vida alheia? Onde vivemos nas horas claras, de sair conviver respirar brincar, estaremos todos dormindo? Para mim, chega. Quero viver minha vida, ainda que não seja tão bonita, tão festiva e interessante, ainda que não haja fotos suficientes e que as pessoas ao redor do mundo não fiquem sabendo no mesmo minuto o que fiz ou deixei de fazer. Quero o real, com seus ainda ques. Pois eles existem, e esse compartilhamento de vidas vazias não me satisfaz.

Verão

Deve estar bonito não, o dia lá fora. Deve estar bacana não, ver as crianças no jardim, e ver também o som dos pássaros e ouvir os sorrisos doces e as milhares de sinestesias permitidas num dia de verão. No verão se permite tudo, até mesmo pernilongos. Por que foram criados os pernilongos, me pergunto, sobretudo quando um zumbe minha orelha por toda a noite e desperta em mim sentimentos abissalmente assassinos, ah, que lastimável não é, sentir raiva dos pernilongos. Mais ainda por que dorme-se de lençol, um meio lençol talvez, jogado sobre partes clandestinas do corpo aqui e ali escondidas pelo pano, as outras numa liberdade avassaladora estiradas sobre a cama. Ah, o verão. Ah, o bafo quente no rosto ao meio dia, as ruas turvas de chuvas rápidas e curvas em ondas quentes que se despregam do asfalto.