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Mostrando postagens de abril, 2013

Uma

Para N. J., que espero conhecer Olhos nem claros, nem escuros - lindos A suavidade do seu sorriso Vejo seus sonhos refletidos Alma em olhos, rosto amigo Pele limpa, jeito de criança Despreocupada, de ser simples E complicada Cabelos curtos, riso fácil Blusa clara, colares finos Sem maquiagem, julgamentos Ou brincos Jeito de quem acha graça Nos próprios tropeços De voz macia aos ouvidos De mente aberta  E abraço forte De descansar a cabeça nas mãos Sem norte Sem sul, sem direção Só percorrendo a vida Como faria em qualquer papel. Correndo os olhos pelas manchetes De jornal, e desligando O mundo Assoviando pela capital.

Garota que lê

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"Namore uma garota que gasta seu dinheiro em livros, em vez de roupas. Ela também tem problemas com o espaço do armário, mas é só porque tem livros demais. Namore uma garota que tem uma lista de livros que quer ler e que possui seu cartão de biblioteca desde os doze anos. Encontre uma garota que lê. Você sabe que ela lê porque ela sempre vai ter um livro não lido  na bolsa. Ela é aquela que olha amorosamente para as prateleiras da livraria, a única que surta (ainda que em silêncio) quando encontra o livro que quer. Você está vendo uma garota estranha cheirar as páginas de um livro antigo em um sebo? Essa é a leitora. Nunca resiste a cheirar as páginas, especialmente quando ficaram amarelas. Ela é a garota que lê enquanto espera em um Café na rua. Se você espiar sua xícara, verá que a espuma do leite ainda flutua por sobre a bebida, porque ela está absorta. Perdida em um mundo criador pelo autor. Sente-se. Se quiser ela pode vê-lo de relance, porque a maior parte da

Navegar

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Corre o tempo como num filme lento, e meu bem Eu sei o quanto dói Grãos de areia na ampulheta Aguardam a volta de alguém que se foi E que esteve sempre aqui. Um barco à deriva Na imensidão azul De nuvens revoltas e vento Naufrágios antigos ecoam Como gritos A proa castigada pelas ondas não guia Gosto de água salgada, e tristeza Boiam pedaços de madeira Maria Este era o seu navio Meu bem, agora dói Mas um dia a chuva passa                                 A borrasca cessa E as embarcações voltam ao porto Ancoradouro Seguro outra vez Meu bem, navegar é preciso Viver não é preciso A vida é amor e perda É tempestade e calmaria Tristeza e depois alegria Amargo e doce. É seu barco que volta à praia Seu coração de maresia Que há de se colar de novo e partir Navegar pra outro horizonte, Seguindo a bússola de um novo nome.

Con(ser/ten)tamento

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Hora de escrever. O quê? Hiato pictórico de imagens passíveis de serem descritas. Hiato de idéias por desenvolver, de amores por viver, súbita estagnação criativa e de vontade - por quê? Contentamento. Por o mundo ser como é, por a vida ser como a mim se apresenta: quente, fria, cheia, desanimadora, vazia, bonita. Contente sou por o mundo existir, por haver pessoas dignas dos meus sorrisos (muito embora algumas sejam também de lágrimas). Contente por ter ideais, por ter futuro, por não ter tanta coisa que outros tem em abundância - que não fazem falta. Contente por ser quem sou. E como dizia Camões: "Assim (...)  só para mim anda o mundo consertado"