Postagens

Mostrando postagens de julho, 2015

Solidão

Tinha 19 anos então. Foi a primeira vez que sentiu-se acometida pela terrível pontada da solidão. Antes, nunca: já que mesmo em seus dias de vagar silenciosa pela casa vazia, sabia reconhecer nos matizes das cores e em seus objetos o amor que se lhe demonstravam. Antes, sempre; mas naquele dia, não. Não estava sozinha, tampouco silenciosa. Murmurava consigo mesma as inexoráveis fórmulas que, geração após geração, insistem em perturbar os acadêmicos. Ao rondar como de costume os cômodos da casa, antiga e fria como o cheiro das coisas emboloradas, subitamente sentiu-se só.