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Mostrando postagens de dezembro, 2012

Decepção Natalina

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Depois dos presentes, da ceia calórica, das sempre recorrentes conversas, fofocas, dramas de família; do Natal, o que nos sobra? Uma tradição corrompida pelo tempo e pelo mau uso, uma história repetida à exaustão desde sempre.  E presentes. Depois da maratona de filmes bobos na TV, eu não espero mais nada. O que quero mesmo é chorar diante da banalização da data, da história, diante do ato de se criar uma celebração estúpida, fria e esquisita, na qual todos dizem reinar um espírito diferente, uma paz superior. Bobagens! Reina o Capitalismo, rindo em seu trono dourado, sem renas ou trenó algum, mas com sacos cheios de dinheiro. Acusem-me de destruidora dos sonhos e eufemismos.  Para mim, tudo isso não passa de uma grande farsa, tentando nos afastar mais e mais das coisas que se devia pensar em 25 de dezembro. Talvez fosse melhor se, esse ano, Papai Noel imitasse o Grinch e levasse todos os presentes embora. Se ele ao menos existisse...

Feridas

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É engraçado. Não dói mais tanto. Ainda sangra, algumas vezes, mas é tão pouco que eu quase acho que é natural... Talvez agora já tenha passado a excruciante pontada que travava meus movimentos. A dor, aguda e cortante, dos cacos duros de amor consolidado farpeando o tecido quente. A dor de cada batida da massa sangrenta e pulsante que é meu coração. Talvez a essa altura as bandagens, fiapos de algodão, tenham conseguido cobrir os talhos fundos na pele macia. Talvez estejam já se formando róseas cicatrizes frágeis, ao sabor de dissonâncias. Talvez a dor tenha ido embora. Entretanto, as feridas ficam. Pálidas lembranças do meu pior inimigo: Que além do corpo, me aleijou a alma.

Redenção

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Por outro lado essa raça horrível tem muita coisa de bom. Inventamos a ciência, estudamos as estrelas, a comida, os insetos, a terra, o mar e o ar. Estudamos o nosso corpo, demos á luz crianças, vivemos milênios memoráveis, Eras do Ouro, revoluções. Seja na Torre Eiffel ou na Muralha da China, demos um jeito de modificar o ambiente em que vivemos. Desde os sáris indianos às havaianas, os tempurás ou os cigarros Havana, criamos e recriamos inúmeras geringonças, cores, sabores, texturas, identidades, preferências. Num mundo tão cheio de gentes que pensam diferente, se estabeleceu a base de todos os males - mas isso por um acaso faz o planeta deixar de ser maravilhoso? Um sorriso. Uma borboleta. Um pingo d'água. Um arco-íris. Tanta coisa clichê que faz parar por um momento a mente, e refletir... Será que vale a pena acabar com tudo isto aqui?

Destruição

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De alguma maneira, sei que as coisas serão como tem que ser. As catástrofes acontecem, e aconteceriam de qualquer jeito; nós, humanos, provocamos a ira das forças naturais. De certa forma, nós merecemos - e já faz algum tempo - por causa do nosso consumismo, nosso desenfreio, nossa exploração. Abusamos de tantos recursos, criamos usos, assassinamos bichos, queimamos plantas, mais, muito mais do que poderíamos. Mais do que precisávamos, e esse é o crime pior. Ao aniquilar-se a mais chata,  irritante, abusada e devastadora espécie já presente neste planeta (vejam bem, ganhamos dos pernilongos), uma nova era é criada, e muito mais leve, decerto. Por outro lado...

Além-Mar

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Vento nos cabelos, eu fecho os olhos e sinto... O cheiro de mar do Rio. Os postes de luz laranja observam silenciosos. O quê procurar? Navios, naufrágios, nomes, conchas... Talvez um som. Uma melodia perdida nas ondas, que me leve ao meu amor... Sem sapatos, sem meias, sem nada. Só levo na boca o amargor de saudade. Quando vou te ver de novo? Areia nos dedos dos pés e algas nos bolsos da calça. Procuro uma pista, um desenho feito de espuma, um lugar pra te encontrar... Talvez mapas nas estrelas, um bilhete flutuando - a lembrança que canta todas as noites e enche meus olhos de água. Tudo o que eu sempre quis foi te trazer aqui. Passar a noite na praia, colocar teus pés na água, apostar corrida tropeçando nos rastros das ondas... Beijar teus lábios doces e fazer, do mar, testemunha. Te abraçar ao sabor do vento, aquecer teu coração. E então esquecer, nesta noite, nossos medos e fraquezas. Fingir que seria pra sempre, meu peito contra o teu, teus braços em mim. Fingir que todos os

Relicário

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Sei que você vai ler. Sim, você. Sei que conhece a palavra, e que a gente não fala mais nela, mas o relicário está lá (eu espero). Sei, pelo jeito que você me abraça, que ainda sente algo e que é difícil esconder. Relaxa, eu também acho, e a gente talvez tenha errado... Eu, você. Um erro que puxou outro, e ainda assim, caramba, pra quê.  Amores costumam ser complicados. Penso em você com certa frequência - tenho um relicário mental. É assim que as coisas são... Papéizinhos com respostas levam mais que só palavras, levam toda a nossa história. E eu estava em paz quando você chegou...

E se?

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E se a gente se casasse, do jeito que você nunca quis Nunca acreditou que seria E se um dia a gente tiver um álbum de fotos Tão brega quanto são todos Oa álbuns de casamento Tão cheio de flores e champanhe e sorrisos maqueados Com blush, rímel e mágica E amigas com inveja Tentando alcançar o buquê? Meu bem, e se a gente tivesse Alianças gravadas E se fosse o seu sobrenome Alongando o meu E se fossem os seus olhos Nos rostos das minhas crianças E se a gente se tornasse apenas mais um clichê?