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Mostrando postagens de outubro, 2015

Uma história de chuva

Chove em Dilijan. Nossa protagonista está molhada. Lá fora, cinza como se fim de tarde, ainda que meio de dia. O verde exuberante, como se torna apenas quando a água toca a paleta de aquarelas. A terra escura, profunda e maleável, tornando-se lama, tornando-se barro, tornando-se vida primordial do ser humano. Nas pedras, matéria prima dos edifícios, matéria prima do chão e dos caminhos que levam de um lugar a outro, a chuva se infiltra nas quebras entre os fios e se perde nas profundezas da terra. Pedregulhos molhados são chutados pelo caminho, e encharcada a ponta dos sapatos, a cada vez que se levanta para um passo, joga um pouco de água no caminho logo à frente. É bonito, o mundo lá fora: cheio de chuva, cheio de vida. E embora a chuva seja tão fria, nossa protagonista caminha apenas com seu lenço azul - azul brilhante, como se torna apenas quando tocado pela água - enrolado na cabeça, cobrindo pescoço e ombros. Leva também um casaco preto, grosso, feito de lã; um casaco de inverno,