Liberdade

Observei as rodas correndo sobre o asfalto com a sensação de um pássaro recém-liberto.
Quando o sol surgiu, sorri como se nunca tivesse visto nada daquilo. Eram as mesmas montanhas, a mesma estrada, o mesmo caminho, eram até carros semelhantes aos de sempre.

Mas eu estava sozinha, e então tudo foi outra coisa.

Viajar sempre foi uma palavra sublinhada no meu dicionário. Conhecer novas cidades, outras esquinas, ou apenas mudar de ares e de rumo. Andar de ônibus, de trem, de avião ou a pé... Tanto faz. Em qualquer tempo, uma viagem nos enche de roupas, de modos, de malas e bugigangas. E ao mesmo tempo, em mim, organiza a bagunça interna - as roupas sujas, tristezas, o orgulho, as mágoas. Tudo isso vai embora cada vez que arrumo a mala.

Hoje, mais uma vez, descobri o poder que tem essa abençoada locomoção que para mim é até sagrada: O ato de viajar, entrar aqui e sair lá. A vontade de mudar, e a liberdade de ser capaz.
Para curar as feridas que eu guardo ardendo no peito, alguns quilômetros são mais eficazes que gaze, loção ou remédio. O que eu preciso mesmo, e vou precisar toda vida, é sair sem destino certo, é correr sem saber pra onde...

Por favor, ano que chega, me leve sempre mais longe!


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