Algo sobre escrita e vida.

"Escrevo, por isso continuo existindo" é minha paráfrase de Descartes.
O anseio que sinto de no papel transformar sons em letras, emoções em frases, imagens em descrições, amores em personagens, tudo isso é o que me possibilita permanecer nessa existência. Sem esse consolo, sem a válvula de escape que é para mim a literatura, dificilmente conseguiria superar meus obstáculos a cada dia, e prosseguir sendo feliz, ou pelo menos, demonstrando.
Assim sendo, além de força, a escrita é vício, necessidade. Em qualquer lugar, a toda hora, em todos os atos e circunstâncias, ela permanece comigo, latente. Ela permanece viva. Tem sido a mais fiel aliada e onipresente inimiga. Me ajuda, me instiga, me atormenta, me transporta, me persegue, me ama, me devora. Assim é, para mim, a escrita. Meu estilo, minha prosa, meu verso, vem de dentro; mas obviamente, carregam traços e tanto de fora. Meu passado literário certamente influencia meu estilo, assim como o humor, o tempo, a idade, em suma, o mundo.
Minha escrita é simples e por demais complexa. Ela espelha os pequenos milagres, como a flor que brota em uma rachadura, como a gota de orvalho ao sol, as pequenas poesias. Ela espelha a chuva, a tempestade, humana e interna, um pouquinho só de agonia. Pois minha escrita é pressuposta, e ao mesmo tempo nova.
Esta escrita é filha da dor e do prazer. Com pais tão diametralmente opostos, o que por fim se esperaria? Ela demonstra ora um, ora outro. Anda se equilibrando entre prosa e poesia, entre realidade e fantasia, entre enlevo e melancolia. Minha escrita anda em relevos, com altos e baixos, assim como a própria vida.


O maior desejo da autora é que aquela, algum dia, seja tão intrigante quanto esta.

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