Perdidos

Hoje você se foi, e deixou um pouco da sua tristeza no meu peito.
Eu fechei os olhos e senti o peso da saudade, da dor, da confusão, ouvi as vozes, as perguntas, vi os sorrisos que disfarçam um silêncio.
Aí eu lembrei - lembrei que sei como é. Estar sem saber, sem letras, sem contato, cartas, registros. Viver de passado, de "queria", de "e se". Amar o longe, querer o perto, não ter bússola, nem âncora.
Conheço esse mundo injusto e cinza, que nem todos os arco-íris conseguem esconder.
Conheço o frio que toma o coração nas noites de inverno, frio que nem cinco cobertas aplacam de todo. 
Eu já senti o desejo de ter alguém, quem fosse, por perto só por um momento. Já fiz escolhas erradas, procurando abraços fáceis, querendo me sentir amada. Sei como a mente voa, e o calor daquela pessoa se torna outro rosto, outro sorriso, outro cheiro, outra cor. Sei como é fugir e se perder por causa de amor.
O mundo é mesmo estranho. As pessoas erram, se machucam, machucam umas às outras. Cicatrizes ficam conosco quando os sorrisos se vão... Aconteceu comigo, e também com você. Com todos nós.
Você se foi e eu sei que agora isso vai pesar menos. Sei que a dor vai ficar com jeito de incômodo, até qualquer hora sumir de vez.
Um pouco ficou comigo. Vai doer em mim também, reabrir minhas feridas, encher meus olhos com as lágrimas que os seus não precisam chorar. E por mais que doa, estou feliz. É assim que tem que ser.
Sua dor é minha também. É nossa, de todos, todos nós.
O que somos afinal, além de humanos tentando se encaixar?

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