Para a baiana do sorriso aberto

Meu bem, sei que as coisas nem sempre vão bem. Apesar do pouco que me contas, eu adivinho que a vida por aí não é nenhum mar de rosas, como não o é pra quase ninguém. Eu não sei da tua dor nem da tua confusão, eu não sei do que está cheio teu coração. Mas eu sei o som da tua voz, eu sei o calor do teu abraço, e eu sei o brilho do teu sorriso. Eu sei o quanto te quero bem, e o quanto me dói saber que tens estado por aí, barco à deriva do mar de Salvador, apanhando das tempestades cotidianas. E embora esteja tão longe, te mando os abraços que quis e não pude. Te mando o bem querer que não posso te dar. E peço que se lembre de nós, de mãos dadas na noite quente, do mar visto do mirante. Das intermináveis viagens de ônibus, de sentar na grama, de caminhar na orla e ouvir as ondas quebrando na praia. Das coisas que rimos e dissemos. De tudo o que não deu tempo, não deu jeito. E vou te contar um segredo: era disso tudo que eu lembrava, quando chorei. O avião subindo, o dia lindo, e eu escorrendo a dor do “e se”. A verdade é que as coisas acontecem como são por uma razão, que umas vezes descobrimos, outras não. E foi bonito como foi, nós. Foi bonito eu te conhecer, meu bem, e é bonito trocar todo o amor que nos mandamos assim, de longe, em notas musicais, em mensagens, pensamentos. Eu não posso te abraçar, mas eu queria. Eu não posso te fazer melhorar, mas eu queria. Então peço que use as memórias boas e essa mágica que há nelas, essa qualidade de sonho que nossos dias juntas tiveram, como combustível pra te ajudar a superar o que quer que aconteça por aí. Isso e a certeza que apesar de longe, eu te desejo só alegrias - só abraços, só cocadas, só sorrisos. Desejo que esse sorriso lindo que você tem ilumine a noite da Bahia e espante qualquer fantasma de tristeza que esteja por perto. Que você seja farol, iluminando as noites escuras de muitos, como iluminou as minhas. Seja o farol da barra, menina, e brilhe na noite escura. E eu cá embaixo te lembrarei pra sempre com carinho. 

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