Torpor

Há tempos não venho. Tenho vivido numa espécie de flotação num oceano imaginário que esconde o caos sob aparente tranquilidade, ora afogada nas profundezas mas sempre por fim salva olhando o céu acima da bóia.
É bom viver numa casa com árvores. É bom fechar os olhos sob cobertas limpas. É bom ter lápis e folhas de papel à vontade, bolos doces durante a tarde. 
Nesses pequenos prazeres me basto; na sinfonia surda das folhas agitando o vento pré-chuva e a tormenta cinzenta de um céu inquieto. Súbito frio: arrepio.
Hoje há de chover até lavar o mundo e eu estudo.
Vivo num momento atemporal impreciso. Quem sabe que dia é hoje? Eu jamais saberei. Tempo sem vida, vida liberta de amarras de sociedade e de tempo, minha vida tem só vento.
Vejam que palavra linda: torpor. É o sentimento de alguém deitado numa cama branca de algodão embebido em chá morno.

Eu gosto muito de algodão.

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