Ausência

Ausência é o lugar vazio ao seu lado na cama, que seu corpo não se permite ocupar, visto que já tem dono.

Ausência são os diálogos mentais incompletos, é a falta de palavras simples.

Ausência é a falta de cheiro de outro shampoo no seu travesseiro...

Ausência são as minhas roupas que não ocupam lugar suficiente no armário, que não cobrem o buraco onde estavam as coisas que você me deu.

Ausência é o vazio que se expande diariamente, carcomendo meu espaço interno.


Ausência, a sua ausência, é uma rodovia de onde foram arrancadas as placas de orientação.







Ausência é um caminho percorrido em duas vias, cheio de trocas e sorrisos, de repente interditado. É uma estrada que a falta de hábito não me deixa percorrer sozinha.

Ausência são os meus músculos do rosto retesando um sorriso quando ouço a música que você gostava.

Ausência é o período que se segue à migração dos pássaros, com lagos congelados e solitários rachando a cada geada.

Ausência é bem mais que o oposto da presença. Ausência é uma orfandade de todos os trejeitos que nós cultivamos juntos.

Ausência é a morte da cumplicidade. É uma doença incurável  que mantém a vontade abatida, fraca.

Ausência é uma pontada. É um sopro no coração, é um mal súbito e necessário, e ao mesmo tempo intermitente.

Ausência não se cura, mas se repete.

Ausência é tanto, é tudo, é a minha resposta "nada" à pergunta "o que você tem".

Ausência é o meu silêncio, e a sua falta de comunicação.



São os dias e as noites, os pensamentos e a inconsciência, é minha rotina e minha constância, é toda a falta que você me faz.


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Rant on Youth

On the sense of continuity

On Pigeons