Deus
Quem és tu, Ó Deus?
És esse Ser Supremo ao qual me hei de dirigir com palavras que não uso, com pessoas e pronomes, és o Deus Forte, Santo, Imortal proclamado nas orações cheias de maiúsculas e rituais?
Ou é esse pro qual eu canto, bato palmas, louvo e brinco?
É um Deus que eu trato por você, meu melhor amigo, que não me abandona e a quem eu, toda noite, devo relatar meu dia?
És o mandante dos Anjos, Senhor das Terras Celestiais, que imagino aparecendo entre nuvens de barba branca, auréolas e manto?
Ou é um pedaço de mim que não sei onde está, que me eleva e trás consigo potenciais infinitos?
Misericordioso, dando aos filhos várias chances, regendo a gigantesca sinfonia universal e rindo consigo mesmo, apesar de condoído, quando erro e me perco?
É você o pai de braços abertos que me dizem?
Ou esse que morde e assopra, que me quebra com dores e provas, para depois me dar graças infindas, lindas, celestiais?
É um Deus que quer que eu louve, ou que eu viva o que prega?
Se importa com a Missa aos Domingos, descansou no sétimo dia? Que queres, Deus, que eu faça, com o que hoje sou?
E o que sou, tu que me destes? Tu escolhestes, Pai, esse corpo, essa família, essa chance?
Que porcentagem eu tenho de responsabilidade, quanto eu fiz e quanto fazes tu, comigo, dia após dia?
Queres que eu mude? Me crê errada? Crê nos dogmas que aqui na Terra impuseram em Teu Nome?
Serei eu infiel por perguntar-me? Por perguntar-te?
Minhas questões serão respondidas um dia?
Se forem, quem o fará?
E como saberei, Deus, se a resposta me foi mandada por Ti?
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