Esperança
Ela percorreu o corredor se sentindo, como sempre, sozinha. Um pai que lhe fora negado durante tantos anos, uma pilha enorme de mentiras, de mágoas acumuladas e doloridas... Sempre esperou por isso, mas e se, por ironia, ele não fosse nada daquilo? Nada de sonho, nada de bom, nada daquela ilusão? E se aquele pai perdido também não tivesse nada de... Seu? Seria mais um lugar para não pertencer? Mais um rosto pra tentar esquecer? Abriu a porta. O homem de costas devia ter quarenta anos. Olhando a paisagem da janela, parecia tão normal quanto alguém pode ser. Ela andou devagar até estar a uma distância da qual seria ouvida - apesar de não saber bem o que dizer. _Ahn, você... Pai? Ele se virou e seus olhos brilharam como estrelas. Ele sorriu fracamente. _Ana... Filha? Ele correu até ela e a abraçou como se sua vida dependesse disso. _Filha, minha garotinha, eu esperei... Eu queria tanto, você... Ah, meu bem, você nunca mais vai sair de perto desse seu velho pai! ...